quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

IMAGEM - CORREDOR POLONÊS

© Foto: Bruna Suelen

RELATÓRIO

Reunião de 19 de Janeiro de 2009
Início às 20 horas.
Presentes: Isabela do Lago - Fernando D´Pádua - Bruna Suelem - Francisco Weyl - Rômulo Queiroz - André Leite

Informes:
- Argumentos para a resposta ao pedido de justificativa do cronograma de início das atividades do projeto;
- Contato com a Senhora Rosiléia Brito, que se encontra em Soure e não é mais responsável pelo ponto de Cultura, assim, concordamos que a próxima visita será ainda esta semana, para fazer contato com a comunidade, conhecer o novo representante do Ponto e visualizar o trabalho que o outro grupo já está fazendo lá;

Decisões com o grupo:
- Francisco sugere a criação de uma comissão para pesquisa de preços de equipamentos, esta comissão ficou formada por Fernando, que fará pesquisa do que se compra via internet e Rômulo que pesquisará nas lojas do comércio local.
- De início serão comprados:
01 Câmara de filmar HD
01 Câmara fotográfica
02 PAs de som
01 tripé
01 disco externo
01 Aparelho leitor de DVD
01 Projetor de Vídeo
- Os representantes por cada oficina serão Rômulo, Francisco, Fernando e Isabela, destes serão cobradas as responsabilidades técnicas.
- A revisão crítica do material foi transferida para a próxima reunião em virtude de a maioria das pessoas não ter desenvolvido a relação de materiais, ficando cada oficineiro responsável pelo orçamento de sua oficina.
- Fernando e Bruna comunicaram as modificações e ajustes feitos na oficina de Práticas de Intervenção Itinerante, em seguida Francisco comentou sobre seu método de trabalho, Rômulo falou sobre as modificações na oficina de construção de instrumentos musicais, inclusive indicando a necessidade da contratação de Valdiney (músico e confecciona instrumentos artesanais), e Isabela pediu para falar sobre Teatro e Figurino na próxima reunião em virtude da ausência de Pedro.
- No período de 03 a 07 de Fevereiro faremos um workshop para mostrar e compartilhar aquilo que será feito em nossas oficinas.

(SINTETIZADO POR ISABELA DO LAGO)

IMAGEM - CORREDOR POLONÊS


© Foto: Bruna Suelen

RELATÓRIO

Reunião de 12 de Janeiro de 2009
Início às 20 horas.
Presentes: Isabela do Lago - Fernando D´Pádua - Bruna Suelem - Francisco Weyl - Rômulo Queiroz - André Leite
Informes:
Francisco,Isabela e Krom narraram a experiência de terem estado nos dias 9, 10 e 11 de janeiro, em Ponta de Pedras, a convite da comissão de comemoração do centenário de nascimento do escritor Dalcídio Jurandir. Eles participaram de várias ações culturais com o objetivo de resgatar a originalidade da literatura marajoara. Na perspectiva deles, a viagem foi positiva e estratégica, porque, para além de pautar o CORREDOR POLONÊS no âmbito do centenário de DJ, permitiu uma série de articulações com pesquisadores e instituições marajoaras.
Diálogo:
Nesta primeira reunião, Francisco Weyl, fez uma panorâmica do Projeto, citando objetivos e perspectivas, do mesmo modo propondo a busca imediata de parceiros, seja na comunidade em que o projeto será realizado, seja entre instituições de governo, como a Seduc.
Francisco falou de sua experiência em ministrar oficinas com este fim e destacou a importância d todos os oficineiros, citando a experiência de Rômolo, enquanto arte-educador que atuou durante um ano com a juventude em algumas localidades de Chaves, Marajó.
Decisões com o grupo:
- Francisco sugere uma viagem a Soure para dialogar com a coordenadora do Ponto de Cultura Reconquistando Arte e a Cidadania, senhora Rosileia Brito, de forma a articular um reunião ampla com dirigentes de instituições, escolas, organizações da sociedade civil e lideranças empresariais e do comércio do município, para garantir apoio estrutural ao Projeto.
- Rômolo propõe uma rediscussão das metodologias apresentadas pelos oficineiros do projeto, para melhor organizar cada uma das oficinas.
- Fernando pede aos oficineiros que revisem as suas metodologias e observem os recursos e materiais pedagógicos indicados para as oficinas.
- Isabela observa a necessidade de estabelecer pontos de conexão entre cada uma das oficinas.
- Francisco sugere o levantamento de indicadores ecônomicos, sociais e educacionais de Soure.
- Fernando se responsabiliza em levantar os dados educacionais no site Seduc.
- Francisco fala sobre novos parceiros e cita a SEDUC como uma parceira em potencial, comprometendo-se em agendar um encontro com a secretária de educação para esse fim.
- Decidiu-se pela alteração seqüencial das oficinas, que serão ministradas da seguinte forma: AUDIOVISUAL / TEATRO / INTERVENÇÃO / MÚSICA
(SINTETIZADO POR FRANCISCO WEYL)

IMAGEM - PONTA DE PEDRAS

© Foto: Francisco Weyl

E-MAIL FUNARTE

---------- Forwarded message ----------
From: Daniela Sampaio Rocha de Sousa.
Date: 2009/1/13
Subject: Justificativa
To: franciscoweyl@cinemapobre.org
Olá Francisco,Preciso que vc me envie um justicativa para o início do seu projeto ser apenasem Abril, pois no edital previa o início imediato após assinatura do contrato.Uma carta sua e outra do Ponto de Cultura. Estas precisam ser enviadas pelocorreio.Aguardo retorno urgente.
Atenciosamente,
Daniela Sampaio

Cepin21 22798082

RELATÓRIO / JUSTIFICATIVA

1. Identificação
a. Coordenador:
Francisco Weyl
b. Equipe (Oficineiros): André Leite / Bruna Suelen / Fernando Pádua / Isabela do Lago / Karlo Rômolo / Pedro Olaia

2. Projeto
a. Título: Residência e Resistência Artística em Pontos de Cultura
b. Local de execução: Ponto de Cultura Reconquistando Arte e Cidadania (Soure-Ilha do Marajó)
c. Período de execução: De Janeiro a Setembro de 2009
d. Órgão financiador: FUNARTE

3. Justificativa
Ao tomamos conhecimento de que o Ponto de Cultura Reconquistando Arte e Cidadania também foi contemplado com outro projeto no âmbito deste Edital, mantivemos contato com a Senhora Rosiléia Felipe Brito, àquela altura responsável pelo Ponto de Cultura Reconquistando Arte e Cidadania (e hoje Secretária de Educação de Soure) e acordamos com a mesma a realização de nosso Projeto de acordo com o CRONOGRAMA proposto (submetido e já aprovado) no Edital, conforme especificado no PLANEJAMENTO do mesmo (ítem 5), indicado abaixo:
(OBS: VER PROJETO POSTADO NESTE BLOG.)

4. Método
Com o resultado do Edital que aprovou este Projeto, imediatamente definimos um calendário de REUNIÕES SEMANAIS (que acontecem às segundas-feiras) nas quais trocamos ideias e experiências sobre as oficinas propostas, com questionamentos críticos sobre as metodologias sugeridas por cada um dos oficineiros, de forma a garantir que as suas oficinas tenham rigor científico, ao mesmo tempo em que sejam flexíveis e capazes de dialogar com o conhecimento das comunidades nas quais este projeto será desenvolvido, no caso o município de Soure, Ilha do Marajó.
Para além de reflexões sobre metodologias, estas reuniões têm como objetivo:
1. Levantar / estudar os indicadores econômicos, sociais e educacionais;
2. Levantar / estudar informações originárias dos conhecimentos de tradição oral produzidas pelos marajoaras e estudiosos da região que moram em Belém;
3. Levantar / estudar bibliografias sobre o espaço geográfico no qual iremos atuar.
4. Produzir / estruturar / revisar / formatar o Projeto (em conseqüência da dinâmica dos processos acima descritos).

5. Conclusões / Perspectivas
Estamos fazendo um registro (via relatórios e fotografias) de nossas reuniões semanais. Estes registros constituem o que estamos a chamar de ETNOGRAFIA TÉCNICA, a qual, somando-se às ETNOGRAFIAS ESTÉTICAS (práxis surgidas nos encontros entre os arte-educadores e os participantes das oficinas deste Projeto), compõem o manancial teórico que será devolvido à comunidade de Soure, nas mas mais diversas formas e técnicas, como por exemplo DVD, impressos, blogs, etc.

6. Observações / Informações
Em função das informações aqui prestadas, consideramos que já está em andamento a primeira parte deste Projeto, que reúne sete artistas que têm uma vasta experiência na realização de aulas e oficinas educativas nas quais são utilizadas ferramentas pedagógicas artísticas com o objetivo de formar e conscientizar as comunidades.
É nosso entendimento, portanto, que este Projeto começou em meados do mês de setembro, quando tomamos conhecimento do Prêmio Interações Estéticas - Residências Artísticas em Pontos de Cultura, ou seja, a leitura do Edital, a discussão e a organização das idéias, assim como a formulação da proposta (ora aprovada) e a articulação da parceria com um Ponto de Cultura, tudo isso já se constituía nos primeiros e decisivos percursos deste Projeto.

Francisco Weyl
Coordenador

IMAGEM - PONTA DE PEDRAS

© Foto: Francisco Weyl

REFLEXÕES - MARAJOARAS

Por uma ação de guerrilha na Ilha do Marajó!
...
A construção de uma nova civilização estética é o DESEJO que nos move ao Marajó, para onde não levaremos verdades, mas dúvidas, que haverão de se diluir quando dos choques entre os projetos e propostas que apresentarmos e as realidades que emergem das comunidades da Ilha.
...
Trata-se, pois, de uma possibilidade real de construção de uma escola, a Escola do MARAJÓ, que, aliás, está feita, à nossa espera, para que dela comunguemos, mas também para que dela nos apossemos e com ela partilhemos as forças trágikas soterradas pelos covardes e fracos que tudo o que fazem é suportar sobre si o peso desta gravidade ou o fardo de um Prometeu, às avessas, pois que se lhes perguntam se sabem ao menos porque vivem, eles suspiram e respodem que ainda esperam a redenção.
...
Mas o nosso DESEJO, ao contrário, é tradutor de uma vontade, a VONTADE DE PODER, em nome da qual os homens de coragem sustentam as suas ações.
...
Apesar das idéias para nada servirem e apesar de sabermos que todas as nossas verdades haverão de desabar na hora em que estivermos confrontados com as realidades, abertos às novas possibilidades e perspectivas criativas das comunidades (marajoaras), com as quais viermos a estabelecer práxis e instaurar novos processos, há que fazer registros apriorísticos antropo-estéticos de todos os estágios dos processos criativos - desta criação (e deste PROJETO) em si, das catarses, do pensamento (no seu silêncio niilista e na sua afirmação dionisíaca pela via da sua representação), do desejo (inconsciente & catastrófico), e, claro, da VONTADE DE PODER.
...
Há mais desafios nos Marajós do que aqueles aos quais somos capazes de enfrentar.
...
Entretanto, se não formos capazes de enfrentar a todos estes desafios, ao menos sejamos sejamos capazes de interprelá-los, um a um.
...
E de forma coletiva patilhar as nossas (auto-)reflexões - sobre estas interpretações e sobre como cada um de nós interpretamos e enfrentamos a estes desafios.
...
Há, pois, que ter compreensão dos processos que envolvem este PROJETO, na sua real e profunda extensão, do mesmo modo, clareza poética e estética quanto ao que haveremos de fazer quando estivermos nestes Marajós.
...
Sob a minha perspectiva, não há aqui aventura, mas territórios onde as práticas de guerrilhas poéticas podem e devem ser aplicadas na sua dimensão política e na sua extensão épica.
...
Há, pois esta luta, travada no pântano da escuridão, entre estes mortos que insistem em sobreviver e estes vivos, enfraquecidos, covardes, portanto, uma luta de derrotados, uma luta inglória, no deserto das idéias dos insetos, cujos reinos, todos, estão falidos, porque fálicos, pelo que urge a redenção terrena, a revolta, a radicalidade, desses que, como nós, artistas, santos e loucos, ainda acreditam na força trágika da vida!
...
Exposta esta primeira questão, de ordem holística, partamos agora diretamente ao mundo concreto.
...
A primeira questão que identifico ao realizar intervenções artísticas e sociais no MARAJÓ é que isso pode significar uma certa adesão às políticas culturais dominantes, especificamente, à sustentação dos pontos de cultura.
...
Toda esta lógica, sabemos, agrega-$e ao mercado do espetáculo, envolvendo uma miscelânea de produtos que se interdependem para que as políticas & projetos (aos quais estamos agora articulados) obtenham sucessos midiáticos, objetivo ao qual não nos propusemos à partida quando de consturção deste projeto, que, portanto, já nasce contraditório pela sua própria natureza, na medida em que ele pretende enraizar-se nas comunidades, para as quais também corremos o risco de estarmos a levar, para além das nossas vivências estéticas, toda esta lógica contra a qual muitas vezes nos posicionamos, esta lógica estúpida de mercado.
(...)
Indagações primeiras:

COMO AVANÇAR COM PRÁXIS RADICAIS POR SOB A ÉGIDE DO SISTEMA QUE AFINAL, ELE PRÓPRIO, NOS FINANCIA?
SOB QUAIS SIGNOS TROCAR ESTÉTICAS & POÉTICAS (ENTRE NÓS PRÓPRIOS E COM A COMUNIDADE) SE ESTAS TROCAS TAMBÉM PODER SER MOEDAS DE TROCA PARA O MERCADO?
QUAIS TERRITÓRIOS PODEMOS MAPEAR SEM QUE ESTES MAPAS SEJAM CATALOGADOS PELOS VENDILHÕES DO TEMPLO (SE É QUE ESTÃO ME ENTENDENDO)?
(...)
UMA NOVA CIVILIZAÇÃO ESTÉTICA!
Ao Marajó!, camaradas, iremos, aliás, já lá estamos, mas somos mesmos capazes de sairmos daqui?
...
Ainda há ratos mais ratos que os ratos de porões?
...
(E a estes temos que expulsá-los do nosso navio, pois que nem coragem para assumir a sua condição de ratos eles têm.)
...
Abandonemos, pois, este paraíso artificial de amigos e drogas de amigos, seus diálogos in-substanbtivistas e inadjetiváveis, portanto, os seus insultos ao instante que brota o conhecimento.
...
(E aí mesmo ele, o conhecimento, é destruído!)
...
Mas nós que temos as armas, somos desalmados, despojados do sublime, como que num eterno sucumbir dionisíaco às trevas que luzem num infinito piscar de olhos.
...
Só a filosofia nos salva, CAMARADAS, usemo-la.
...
OU: estamos condenados a atravessar as baías, a exumar nosso MESTRE Dalcídio e com este símbolo todos os mortos que jamais descansaram no Marajó?
...
Só os mortos poderão nos conceder estas dádivas que são as respostas que buscamos?
...
(Que respostas buscamos?)
...
Quem está em estado de arte está em estado de morte.
...
E o Estado não poderá absorver o nosso ESTADO DE LOUCURA, que nasce expontâneo, com a força trágica da ARTE.
...
(...)
© Francisco Weyl (Carpinteiro de Poesia e de Cinema)

IMAGEM - PONTA DE PEDRAS

© FOTO: Francisco Weyl

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O PROJETO

Residência & resistência artística em pontos de cultura: Construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó
1. Objetivos
Realizado através do Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure), o Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó, possui os seguintes objetivos:
1.1 Gerais
Realizar um filme coletivo com a comunidade de Soure.
1.2 Específicos
Contribuir para a redução do apartheid social, educativo e artístico do país.
Colaborar para a construção de focos de organização social.
Fortalecer as relações de parceria entre o Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure), os criadores artísticos e a comunidade do Município, localizado na Ilha do Marajó, Estado do Pará, Região Norte, Amazônia Brasileira.
Estimular a produção audiovisual com a tecnologia disponível na comunidade de Soure;
Instrumentalizar a produção do audiovisual em favor da conscientização das populaões de baixa renda, sem acesso às criações artísticas e às produções culturais;
Ampliar as ações sócio-educativas do Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure), colocando a comunidade em permanente contato com os criadores artísticos e produtores culturais.
2. Justificativa
"Durante 477 anos se cozinha uma literatura idealista e opressora que se produz e se divulga nos salões da casa grande, se processa uma literatura idealista e outra materialista na varanda (a luta de classes no Brazyl se metaforiza ou é sublimada no interior da classe média). Não se processa nenhuma senzala negra e se processa numa popular chamada folklore, sobretudo nos sertões mas esta literatura gravada, transcrita e impressa nos célebres cordéis e modelos menores, nasce recitada, cantada, porque seu criador, seja o profeta barato estilo Antônio Conselheiro de Canudos, sejam cangaceiros, flagelados, romeiros videntes ou cegos; são discursadores decadentes de sebastyanysmo, rezadores, cantadores mas, por analfabetismo e pobreza (sem pena e papel), não sabem nem podem escrever".
Glauber Rocha. Heuztorya, do livro inédito: "A última Flor do Lacyo"
©Tempo Glauber
Há muitos olhares sobre a Amazônia, mas a maioria desses olhares parte de fora para dentro, como se a Amazônia fosse habitada por pessoas incapazes de ver o espaço em que habitam.
João de Jesus Paes Loureiro diz que no auge da economia da borracha a elite paraense importava a cultura 'alienigena' e relegava a produção local à própria sorte, e com isso se moldava o gosto estético pela cultura estrangeira que era absorvida como signo de refinamento e distinção social [In Artes visuais na Amazônia. FUNARTE/ SEMEC: Rio de Janeiro/ Belém. 1984.]. E essa situação ainda é percebida mesmo nas últimas décadas do séc. XX, como registra a letra de Edmar Idálio para a música "Belém, Pará, Brasil", cantada pelo Banda Mosaico de Ravena, que na década de 1980 ainda se ressentia por que "o que é bom vem lá de fora" [No disco "Cave Canen", Belém: _____, 1982].
Assim podemos perceber que aqui também se difunde a desconstrução social artístico e cultural de outras origens diferentes do modelo eurocentrico e que o sentimento de pertencimento regional é alterado a todo o momento pelos interesses da elite que dita as regras das políticas públicas para a cultura, principalmente quando as diretrizes políticas estão aliadas aos interesses da industria cultural e numa sociedade consumista, que prioriza as artes e as culturas externas e/ou investe somente naquilo que se parece com, ou é aceito pelo circuito artístico globalizado e colonizador que ainda nos serve de modelo, e que anula e diminui todo o processo agregador e potencializador do que nos é tradicional por outras vias que não seja de heranças européias.
Os equipamentos tecnológicos, aos quais a Amazônia não tem acesso e dos quais a Amazônia não pode abrir mão, estes, são usados por grandes potências capitalistas que se têm aproveitado das riquezas naturais e da biodiversidade amazônica.
Debater a Amazônia, lógico, é mais do que necessário, mas, ao contrário de resultar em alternativas, essa produção de idéias se dispersa em eventos pontuais, sem que as comunidades obtenham para si o retorno intelectual de tais encontros.
Sem visibilidade e sem o conhecimento e o aprofundamento de tais idéias por parte das populações amazônicas, essas temáticas, discutidas ou simplesmente impostas, tornam-se estéreis.
É necessário, portanto, aprofundar e difundir tanto o pensamento teórico quanto as práticas vivenciadas nesta estratégica Região, relacionando-as em busca de pontos convergentes caracterizados por práxis reais.
Como ensinou Thiago de Melo, ícone da poética luta em defesa dos povos das florestas, só se ama aquilo que se conhece.
E nós, amazônidas, amamos a Amazônia.
Dentro deste contexto, este Projeto apresenta-se com o intuito de preencher uma lacuna no campo audiovisual, através da realização de um conjnto de oficinas sócio-educativas, que convergem para a construção de um filme documental, necessariamente, reforçando o audiovisual como instrumento de desenvolvimento da consciência e da cidadania humana.
Desenvolvido como um instrumento de formação e de divulgação artística, antes de tudo, este Projeto possui um carácter inédito e revelador: depois de concluído, será o primeiro documento no campo audiovisual construído de forma coletiva sobre a comunidade de Soure, pela própria comunidade de Soure, portanto, a partir do olhar que o próprio habitante deste Município tem do seu espaço.
3. Descritivo das possibilidades de interação e integração com a dinâmica de ações do Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure)
O Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure) está localizado na Ilha do Marajó, que em tupi significa “barreira do mar.
De 49.606 Km2, a maior ilha fluvial do mundo não tem as mínimas condições de infra-estrutura econômica, em todos os setores.
Concentração da renda e elevados índices de mortalidade infantil caracterizam as contradições da Região.
A economia da Região é primária e se baseia no extrativismo vegetal, na pesca, na pecuária extensiva e na agricultura de subsistência.
O PIB de toda a região em 2003, da ordem de R$ 853 milhões, correspondia a apenas 2,9% do PIB total do Pará.
O PIB per capita, de apenas R$ 2.119,00, equivalia a 48% do PIB per capita paraense e a tão somente 24% do PIB per capita médio do País.
Com uma população de 22.063 habitantes, segundo dados de 2007, do Instituto Brasileiro Geral de Estatísticas, o Município de Soure tinha 12.369 pessoas abaixo da linha de pobreza.
O IPEA apontava a existência de 35.670 famílias abaixo da linha de pobreza em todo o Marajó (cerca de 40% do total de famílias).
O Índice de Desenvolvimento Humano de Soure é de 0,720 (Idh m); 0,860 (Idh educacional); 0,750 (Idh longevidade); e 0,560 (Idh renda).
É dentro deste contexto que este Projeto surge para atender a uma demanda da sociedade local, expressa a partir da manifestação de pessoas e grupos articulados à produção cultural da Região e que dizem respeito à necessidade de que sejam organizadas agendas de intervenção artística e social voltadas, especialmente, à comunidade, necessariamente, com a participação desta como propositora, provocadora e executora.
Este Projeto faz parte de uma nova concepção que vem sendo construída na Amazônia e se materializa em práticas artísticas e sociais que envolvem as comunidades locais, enquanto pilares das atividades inovadoras, que possibilitam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação do meio-ambiente, motivo pelo qual ele será desenvolvido a partir de processos e dinâmicas capazes de interepretar as contradições dialéticas deste processo histórico, superando-o de forma artística, com intervenções concretas nas áreas de atuação urbana e rural do Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure).
4. Descrição detalhada do planejamento de execução e do produto final previsto
As Oficinas do Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó, pela especificidade e abrangência de seu caráter, será desenvolvido durante seis meses, subdivididos em três fases, que compreendem quatro oficinas transdisciplinares, convergentes para o desenvolvimento de um filme coletivo.
Assim sendo, estas são as fases do Projeto:
Fase Preparatória (Articulação): Interação/tema gerador (Mês 1)
Fase Prática (Oficinas): Aulas teóricas/exercícios práticos (Meses 2, 3, 4 e 5)
Fase final (Exposição): Finalização/aglomeração (Mês 6)
4.1 Fase Preparatória (Articulação): Interação/tema gerador
Esta Fase é a base de todo o Projeto, e depende, necessariamente, do apoio e das parcerias comunitárias.
A coordenação do Projeto, em conjunto com os parceiros locais, divulga, mobiliza, seleciona e qualifica os participantes das oficinas.
Em linhas gerais, as ações desta fase são as seguintes:
A. Mapeamento Comunitário (levantamento das escolas, associações de moradores, grupos culturais, igrejas e empresas).
B. Contatos (Reuniões com estas instituições e empresas para apresentar o Projeto)
C. Identificação e estruturação de parcerias comunitárias e definição global das atividades do Projeto.
D. Divulgação do Projeto à comunidade.
E. Seleção dos alunos que participarão das oficinas.
4.2 Fase Prática (Oficinas): Aulas teóricas/exercícios práticos
Nesta fase, os participantes do Projeto são convocados a participar de diálogos, estudos, jogos e exercícios em que poderão trocar experiências e encaminhar os seus projetos específicos.
Composta de aulas teóricas e práticas, estes momentos caracterizam-se por quatro oficinas transdisciplinares, a saber:
Audiovisual: roteiro, produção e realização
Práticas de intervenção itinerantes
Teatro: construção de personagens e objetos (máscaras, figurinos, adereços)
Musica: sensibilização e construção de instrumentos
As oficinas decorrerão durante quatro (04) meses, tempo previsto de duração da segunda fase do Projeto.
Por uma questão metodológica, a oficina de Roteiro, produção e realização audiovisual será a primeira a ser ministrada, prolongando-se durante todo o projeto, intercalando as aulas ministradas nas demais oficinas.
4.3 Fase final (Exposição): Finalização/aglomeração
Nesta fase, haverá a montagem do filme realizado, assim como a sua estréia na comunidade, com a realização do Circuito Comuniário para a exibição deste filme nos espaços comunitários, previamente definidos da primeira fase do Projeto.
5. Planejamento
Este Projeto pressupõe um conjunto de três fases, cujo início está pevisto para o mês de abril de 2009.
Nesse sentido, este Pojeto será executado da seguinte forma:
FASES
MÊS / ANO
ACÇÕES OPERACIONAIS A SER DESENVOLVIDAS
Abril / 2009
Mapeamento Comunitário (levantamento das escolas, associações de moradores, grupos culturais, igrejas e empresas).
Contatos (Reuniões com estas instituições e empresas para apresentar o Projeto)
Identificação e estruturação de parcerias comunitárias e definição global das atividades do Projeto.
Divulgação do Projeto à comunidade.
Seleção dos alunos que participarão das oficinas.
Maio / Junho / Julho / Agosto / 2009
Oficinas:
Audiovisual: roteiro, produção e realização
Práticas de intervenção itinerantes
Teatro: construção de personagens e objetos (máscaras, figurinos, adereços)
Musica: sensibilização e construção de instrumentos
Setembro / 2009
· Montagem do filme
· Circuito comunitário de filmes
6. As oficinas
O Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó compreende a realização de quatro oficinas transdisciplinares, assim distribuídas:
Audiovisual: roteiro, produção e realização
Práticas de intervenção itinerantes
Teatro: construção de personagens e objetos (máscaras, figurinos, adereços)
Musica: sensibilização e construção de instrumentos
Os participantes destas oficinas terão aulas teóricas e exercícios práticos sobre os fundamentos históricos, teóricos e técnicos das artes em geral, com particular ênfase ao cinema, ao teatro, à poesia e à música, passando, necessariamente, pelos três momentos de desenvolvimento de um projeto cinematográfico (pré-produção, produção e pós-produção), antes de realizarem e exibirem o filme, alvo deste Projeto.
As aulas das oficinas serão realizadas em espaços comunitários públicos, como praças e também espaços fechados como escolas, associações de moradores e centros comunitários, de acordo com a definição do calendário do Projeto.
As Oficinas serão dirigidas aos jovens na faixa de 17 a 25 anos, sem necessidade de experiência prévia na área.
A participação no projeto coloca o aprendiz em contato com diversas linguagens artísticas e possibilita o contato e o intercâmbio com produtores culturais com experiências distintas, e pode também incentivar a produção em outras áreas artísticas.
O Projeto atenderá especialmente a população de baixa renda de Soure.
O filme realizado no âmbito deste Projeto será proposta à exibição nos programas televisivos regionais e nacionais, além de festivais de cinema brasileiros e internacionais.
7. Estrutura
Uma sessão pública de cinema marcará o início do Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó, seguindo-se da apresentação da estrutura do mesmo aos participantes e à comunidade em geral.
Além de ser convidado a visualizar e a interpretar os filmes exibidos nessas sessões, o participante das oficinas será estimulado a se utilizar dos elementos cinematográficos apresentados e discutidos durante as aulas, onde ele irá desenvolver idéias e argumentos esboçados durante as oficinas.
As atividades teóricas e práticas dos diversos encontros serão apoiadas em leituras e interpretações de textos, exibição e análises de filmes e exercícios práticos de diversos matizes artísticos.
8. Seleção
A seleção dos participantes do Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó será realizada depois de avaliadas as respostas dos candidatos à Ficha de Inscrição e à entrevista individual.
9. Sessões Públicas
O Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó promoverá um conjunto de 10 sessões públicas de cinema para a comunidade de Soure, que serão realizadas da seguinte forma:
1 sessão no primeiro dia da Oficina (aula inaugural).
4 sessões, sendo uma por mês (aulas abertas) durante todo o desenvolvimento das quatro oficinas que compõem este projeto.
1 sessão no final da Oficina (mostra do resultado final).
5 sessões durante as sessões públicas do Circuito Comunitário, que ocorrerão de forma itinerante em espaços comunitários públicos, como praças e também espaços fechados como escolas, associações de moradores e centros comunitários.
10. Estimativas
Estima-se que este projeto alcance uma audiência não inferior a 10 mil pessoas, entre participantes de oficinas, os seus familiares, e pessoas da comunidade que participarão das atividades públicas e das sessões do cirucíto comunitário de filmes, previstos no Projeto.
Assim sendo, podemos resumir este Projeto da seguinte forma:
Duração do Projeto: seis (06) meses.
Carga horária mínima de cada uma das oficinas do Projeto: 60 horas
Público alvo do Projeto: Jovens carentes entre 17 e 25 anos .
Máximo de participantes por oficina: trinta (30) jovens.
11. Coordenação
As oficinas deste Projeto serão coordenadas por quatro profissionais que acumulam créditos e responsabilidades fundamentadas nos seguintes pontos:
Nos seus conhecimentos históricos e culturais;
Nas suas experiências artísticas;
Nas suas capacidades de articulações sócio-culturais;
Nas suas responsabilidades para encaminhar projetos deste carácter.
A coordenação do Projeto Residência e resistência artística em pontos de cultura - construindo um filme coletivo em Soure, Ilha do Marajó ficará sob responsabilidade do realizador e professor de cinema Francisco Weyl, que tem larga experiência em atividades de caráter artístico, social e educativo no Brasil e fora do país.
12. Orçamento
As despesas do roçamento agrupam-se em despesas com recursos humanos e recursos técnicos.
Assim sendo, de acordo com o Orçamento, serão necessários para a execução deste Projecto o seguinte montante financeiro:
R $ 50.000,00 (CINCOENTA MIL REAIS)

FRANCISCO WEYL FILMANDO NO MARAJÓ


© FOTO: Carlo Rômulo